A ORGANIZAÇÃO DO SERVIÇO RELIGIOSO
INTRODUÇÃO
Estudaremos nesta lição, a importância da
organização do serviço religioso no culto. Veremos qual a função dos sacerdotes
e levitas, e, analisaremos seus deveres no culto ao Senhor. Havia três tipos de
sacerdócio: o sumo sacerdote, os sacerdotes comuns e os levitas. Os sacerdotes
tinham que ser descendentes de Arão. Os levitas descendiam de Levi. Segundo
Champlin, todos os sacerdotes eram levitas, porém, nem todos os levitas eram
sacerdotes (2001, p. 5201). Estes homens eram os responsáveis pela ministração
do culto ao Senhor. Deus queria que Israel fosse uma nação santa, “um reino
sacerdotal” (Êx 19.6). Assim, Deus “nomeou a Arão e seus filhos para
constituírem o sacerdócio” (RENOVATO, 2001, p.113).
I - FUNÇÕES DOS
SACERDOTES
O ofício sacerdotal judaico foi estabelecido pelo
Senhor nos dias de Moisés (Êx 28.1, 41; 29.9,30; Lv 10.1,2; Nm 3.4; 1Cr 24.2)
mas antes da instituição do sumo sacerdócio e do ofício sacerdotal, lemos do
sacerdócio de Melquisedeque (Gn 14.18). Não há dúvidas que “funções”
sacerdotais eram realizadas nos tempos prémosaicos pelo chefe da família como
Noé, Abraão e Jó. Um sacerdote era um ministro autorizado que ministrava no
altar e em outros ritos cultuais (VINE, 2002, p. 272). Segundo o dicionário
exegético e expositivo do Antigo Testamento VINE, a palavra kõhen “sacerdotes”
aparece 741 vezes no AT. Um sacerdote cumpria deveres sacrificiais,
ritualísticos e cultuais. Ele representava o povo diante de Deus. Vejamos
algumas atribuições dos sacerdotes:
- Agiam como professores ou mestres da Lei (Lv 10.10,11; Dt 33.10; 2Cr 5.3; 17.7-9; Ez 44.23; Ml 2.6-9);
- Discerniam a existência de lepra e efetuavam o rito de purificação “um tipo de médico” (Lv 13-14);
- Determinavam os castigos por assassinatos e outras questões civis (Dt 21.5; 2Cr 19.8-11);
- Eram os responsáveis pela ministração do culto ao Senhor (Lv. 16:1-32);
- Serviam como intercessores entre o povo e Deus, e ofereciam sacrifícios pelos pecados, visando à reconciliação com o Senhor (Êx 30.7; Lv 16.11; 15-17; Nm 3.3; 2Cr 13.11);
- Consultavam a Deus pelo povo, buscando discernir a vontade do Senhor (Dt 33.8; Nm 27.21);
- Deveriam viver em santidade e ser irrepreensíveis no seu viver (Lv 21.16-21).
II - FUNÇÕES DOS
LEVITAS
Os levitas foram os responsáveis pela solenidade da
dedicação dos muros de Jerusalém após a reconstrução (Ne 12.27-29). Existe uma
distinção óbvia entre os sacerdotes e os levitas. Na ordem hierárquica da
cultura judaica, os levitas ocupavam o segundo lugar, após os sacerdotes, em
comparação com os demais israelitas. (HARRIS, 1998, p. 780). Os levitas eram os
descentes de Levi e os responsáveis pelos cultos de adoração a Deus. Somente os
levitas estavam autorizados pelo Senhor a servir no tabernáculo.
Foi incumbência dos sacerdotes e levitas auxiliares (lembrando que todo
sacerdote era levita, mas nem todo levita era sacerdote) consagrarem os muros
de Jerusalém e liderarem novamente os trabalhos no Templo. Quem eram os
levitas? Para não ser redundante, faço menção do ótimo estudo do Pastor Walter
Santos Baptista, o qual nos aclara:Levitas eram os membros da tribo de Levi, terceiro filho do patriarca Jacó. Formavam uma tribo separada, sem território, sem herança terrena porque gozavam do alto privilégio de ter o Senhor como seu quinhão, sua posse (Dt 10.9). Era a tribo dos sacerdotes (cohanim), descendentes de Arão, por sua vez descendente de Levi (Ex 29.44; Nm 3.10). Isso quer dizer que todo sacerdote (cohen) era levita levi), mas nem todo levita era sacerdote (Nm 3.6s).
De
conformidade com a legislação mosaica, alguns dos deveres dos levitas no
tabernáculo são:
- Levar a Arca da Aliança (1Sm 6.15; 2Sm 15.24);
- Realizar vários serviços no tabernáculo (Êx 38.21; Nm 1.50-53);
- Servir Arão e seus filhos “os sacerdotes” (Nm 3.9; 8.19);
- Eram responsáveis pela música e liturgia no tabernáculo (Ne 12.27-29; 7.44, 67; 1Cr 15.16, 17, 22);
- Eram os guardas do templo (1Cr 9. 26; 26.17);
- No tempo de Esdras e Neemias ensinavam a Lei ao povo (Ne 8.7-8; cf. Dt 31.25; 33.10).
III - O CULTO DEVE
SER CONDUZIDO COM REVERÊNCIA
O propósito do culto ao Senhor é de que ele seja
glorificado e reverenciado como um Deus de amor, caridade e respeito. “Mas a
hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em
espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem.” (Jo
4.23). Assim como nos dias de Esdras e Neemias, os cultos hoje são sistemas
particulares de adoração religiosa com referências especiais a rituais e
cerimônias. O culto é o ponto central de uma religião e eventualmente assume
formas e símbolos que revelam mais claramente o caráter distintivo da religião.
Dois fatores importantes do Culto a Deus encontramos no livro de Neemias:
- Adorar a Deus. É a forma de prestarmos culto ao nosso Deus. Portanto, existem alguns propósitos no culto. No Antigo Testamento observa-se a maneira de adorar : (Êx 4.31; 34.8; Lv 10.3; I Cr 16.29; II Cr 7.3; Ne 8.6; Ec 5.1);
- Ter comunhão. Podemos observar com clareza no livro de Neemias a comunhão entre os israelitas durante a reconstrução dos muros e depois também. É o vinculo de unidade fraterna, mantido pelo Espirito Santo, que leva os cristãos a se sentirem um só corpo em Cristo Jesus (II Co 13.13; I Jo 1.3). Do grego “Koinonia”, lat. “Comunicare”, significa “comunicar.” Comunhão também significa cooperação. Exemplos de adoração: (Hb 11.21; II Sm 12.20; II Cr 20.18; Jó 1.20).
IV - DEUS NÃO MAIS
ACEITA SACRIFÍCIOS DE ANIMAIS
No AT o sacrifício de animais (Hb Thusia) era parte
de um ritual que o sumo sacerdote realizava para purificar o povo israelita (Êx
30.7; Lv 16.11; 15-17; Nm 3.3; 2Cr 13.11). O sacrifício de animais não mais é
aceito pelo Senhor, pois o maior sacrifício já foi feito através da morte de
Cristo na cruz por nossos pecados (Jo 3.14-16; Ef 5.2; Hb 9.23-25; 10.12) Sabemos
que os elementos para o culto e a adoração estão agora centrados na oração, no
louvor, confissão de pecados, leitura bíblica, pregação, Ceia do Senhor e
contribuições.
“E purificaram-se os sacerdotes e os levitas; e logo purificaram o povo, e as portas, e o muro.” (Ne 12.30)
O ato de purificar-se tem conotação com santidade de vida. Pensamentos, palavras e obras devem estar livres de qualquer coisa que torne o adorador “impuro”.
A condição de “pureza” deve ser primeiro vista na liderança da igreja, para em seguida ser imitada e buscada pelo povo.
Fico perplexo com o discurso de alguns líderes, que dão ênfase a uma pureza “doutrinária” (equivocadamente com ênfase em usos e costumes), mas vivem uma verdadeira anarquia moral.
São líderes impecáveis no discurso, mas reprováveis na prática.
CULTO E LITURGIA SANTA
Muitas das mazelas que contemplamos em nossos cultos são decorrentes do estado moral e espiritual caóticos em que vive algumas lideranças e igrejas.
O culto e a forma de realizá-lo (liturgia), deixou de buscar a glória de Deus, e agora serve aos interesses humanos da busca por cura, libertação, prosperidade, problemas de justiça, etc. As necessidades humanas estão presentes na grande maioria das mensagens e hinos, em detrimento de um louvor e de uma adoração que proclame as obras e os atributos de Deus.
Para manter alguns cultos “cheios”, a pregação da Palavra foi trocada por “atrações” ou por promessas de “bênçãos” aos espectadores ou clientes. Temos agora muitas templos cheios, mas igrejas doentes.
O culto perdeu a sua forma simples de ser, e agora, enquadrado na sua nova e moderna razão de ser (comercial), tem nomes atrativos, do tipo “Culto da Vitória”, “Culto da Conquista”, “Culto da Virada”, “Culto do Milagre” etc.
Pois é, templos grandes e cultos cheios, na cabeça de muitos é sinônimo de status e poder de liderança. É uma marca do sucesso ministerial. Puro engano e tolice.
Culto e liturgia restaurados, só serão possíveis quando a liderança e o povo forem restaurados, purificados e libertos dos seus pecados.
II. A DEDICAÇÃO DOS MUROS
1. A participação dos levitas. “E, na dedicação dos
muros de Jerusalém, buscaram os levitas de todos os seus lugares, para os
trazerem, a fim de fazerem a dedicação com alegria, louvores, canto, saltérios,
alaúdes e harpas” (Ne 12:27). Era imprescindível a presença dos levitas na
realização dos sacrifícios e na condução do culto ao Senhor. Eles eram
encarregados de celebrar. Dentre eles havia os cantores, os instrumentistas, os
compositores, bem como o regente. Eles eram os poetas, os compositores. Eles
tinham uma grande contribuição na restauração do perfeito louvor na casa de
Deus.
Observemos que, ao contrário do que se costuma dizer
hoje em dia, “levita” não se confunde com o músico. Os filhos de Arão eram
sacerdotes e todos os demais levitas foram encarregados dos mais diversos e
variados serviços no tabernáculo e, posteriormente, no Templo, inclusive a
parte musical. Portanto, não confundamos “levita” com “músico“.
Pode-se aplicar esse procedimento dos levitas aos
obreiros da igreja de Jesus Cristo. Aqueles que estão encarregados de celebrar
o culto ao Senhor devem levar o povo a adorar a Deus na beleza de sua
santidade. O Culto ao Senhor precisa ser organizado e santo, não se pode fazer
dele um espetáculo, cujos líderes ou dirigentes se portem como “animadores de
auditório”. Tomemos, pois, o exemplo de Neemias e Esdras, homens que serviam e
cultuavam a Deus com santidade e reverencia, e instavam o povo de Deus assim
proceder.
2. a participação dos cantores. A dedicação do muro
da cidade caracterizou-se pela alegria, louvor, e cânticos (Ne
12:24,27-29,35,36,40,43). O louvor faz parte da restauração do povo de Deus.
Ele é praticado não porque é bonito e nos faz bem; nem porque ocupa um lugar no
culto a Deus, ou porque serve para atrair as pessoas. O louvor é fruto de vidas
consagradas. É a expressão viva do próprio Espírito de Deus pelos lábios de seu
povo.
Os cantores faziam parte dos levitas (Ne 7:44); eles
tinham dedicação exclusiva nesse ministério. Tinham um bom ouvido e uma boa
voz. Eles eram escolhidos para conduzir os salmos. Eram os condutores do culto,
pessoas especializadas.
Não pode o
povo de Deus, edificado e salvo pela graça e misericórdia de Deus, calar-se e
deixar de louvar ao Senhor. É com tristeza que vemos, nos dias hodiernos,
muitos que cristãos se dizem ser desprezarem, por completo, o cântico e o
louvor, tanto que chegam atrasados aos cultos, depois do momento litúrgico do
louvor. Aprendamos com Neemias e não permitamos que deixem de haver em nossas
vidas espirituais os cantores que completam a obra de nossa edificação
espiritual.
3. A purificação dos Sacerdotes e do povo. “E
purificaram-se os sacerdotes e os levitas; e logo purificaram o povo…”(Ne
12:30).
Os sacerdotes se purificam. A Bíblia deixa claro que
por ocasião daquela festa, os sacerdotes se purificaram. Curiosamente falando,
os sacerdotes são citados primeiro na ordem de purificação. Isto não é de se
estranhar, pois aqueles que ministram no santuário devem ser realmente os
primeiros a estarem purificados diante de Deus. Ser um ministro não significa
ter isenção de falhas. Por isso, é necessário que aqueles que estão à frente ao
rebanho sejam sempre os primeiros a estarem diante de Deus puros, sem mácula, a
fim de que, com seu exemplo de vida, possam ter autoridade para exortar o
rebanho. Lembremo-nos de que há líderes que tem autoridade e a utilizam por
força da função que possuem, mas seu exemplo de vida deixa a desejar; e há
aqueles que possuem autoridade e a utilizam de forma correta porque sua vida
tornou-se um referencial com base no exemplo que transmitem.
O povo se purifica. Além dos sacerdotes, o povo
também se purificou para festejar ao Senhor. A liderança deu o exemplo de
sujeição a Deus e o povo fez também a sua parte. Se por um lado os sacerdotes
fizeram os rituais prescritos na Lei de Moisés para se purificarem, o povo
entendeu que a purificação não deveria estar circunscrita ao campo sacerdotal,
mas que individualmente, cada um dos habitantes de Jerusalém era responsável
por sua própria purificação, para apresentarem-se diante do Senhor. Até as
mulheres e crianças, que não eram contadas entre os homens, participaram da
celebração (Ne 12:43). Deus não fez distinção entre quem era contado pelos homens
e quem não era. Ele derramou a alegria em todos, pois todos estavam
participando daquela celebração em nome dEle.[1]
Os sacerdotes e os levitas se purificaram e
purificaram o povo. Isso nos dá uma lição: devemos chegar diante de Deus com
vidas limpas e levantar mãos santas. Jamais poderá haver louvor e adoração se
não houver dedicação de vidas ao Senhor. Somos uma nação de levitas e
sacerdotes chamados para a adoração (IPe 2:9), por isso devemos ter uma vida
purificada. O apóstolo Paulo assim nos exorta: “Ora, amados, pois que temos
tais promessas, purifiquemo-nos de toda imundícia da carne e do espírito,
aperfeiçoando a santificação no temor de Deus” (2Co 7:1).
A santificação é parte integrante da vida cristã, e
o cristão que não deseja a santificação está perdendo o temor a Deus. Todo
crente compromissado com o Senhor deseja viver em santidade. A Bíblia Sagrada
deixa claro que ser santo é uma exigência de Deus para aqueles que querem
servi-lo - “Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação…”(1Tes 4:3).
III - CELEBRANDO A DEUS PELA VITÓRIA
1. A festa de dedicação. Jerusalém viveu mais de cem
anos debaixo de escombros. Agora a cidade foi restaurada, os muros foram
reconstruídos e o povo celebrou com grande e intenso júbilo essa vitória. Todos
os sacerdotes, levitas e cantores, deveriam vir, de todos os lugares, para a
grande celebração. A liderança unida trouxe alegria entre todo o povo (12:43).
A união do povo de Deus é uma grande causa de alegria e um símbolo de vitória.
Naquela festa os líderes e todo o povo celebraram ao Senhor. Onde há união
entre o povo de Deus, ali o Senhor ordena a Sua bênção e a vida para sempre.
Não há adoração vertical sem comunhão horizontal. Não podemos cultuar a Deus de
forma sincera se não amarmos os irmãos de forma verdadeira. Onde falta
comunhão, inexiste adoração.
A festa de celebração ocorreu com:
* Muita alegria (Ne 12:43). A alegria é uma das
marcas distintivas do povo de Deus. A alegria do Senhor é a nossa força (Ne
8:10). As celebrações do povo de Deus precisam ser festivas e cheias de grande
júbilo. O evangelho que abraçamos é boa-nova de grande alegria. O Reino de Deus
que está em nós é alegria. O fruto do Espírito Santo é alegria. A ordem de Deus
para a Igreja é: “alegrai-vos!”.
* Muito louvor (Ne 12:27). A música foi e é usada
para celebrar os grandes eventos da História. Os anjos cantaram alegremente
quando Deus lançou os fundamentos da terra (Jó 38:7). Os anjos cobriram o céu
para celebrar majestosamente o nascimento de Jesus (Lc 2:14). A descida do Espírito
Santo no Pentecostes foi com um som como de vento impetuoso (At 2:1-4). A
segunda vinda de Cristo será acompanhada pelo soar da trombeta de Deus (lTs
4:16). A música será o próprio clima do céu (Ap 5:5-13). Precisamos celebrar
com grande júbilo as nossas vitórias. A vida cristã deve parecer mais com uma
festa de casamento do que com um enterro. A música marca as grandes celebrações
e vitórias do povo de Deus: Miriam cantou depois da travessia do mar Vermelho;
Davi cantou ao trazer a Arca da Aliança para Jerusalém. Tiago diz: “Está alguém
alegre? Cante louvores” (Tg 5:13).
É bom ressaltar aqui que o louvor que deve ser
cantado na igreja deve ser baseado na Palavra de Deus, que é alimento para a
alma da pessoa humana. Nessa base, a Palavra de Deus traz sua bênção à vida de
louvor da igreja.
Um dos grandes problemas da música gospel é que
muitos compositores são neófitos e rasos no conhecimento da teologia. Há uma
profusão de músicas evangélicas extremamente pobres em conteúdo. Há outras
músicas que chegam até mesmo a ferir os ensinos fundamentais da fé cristã.
Precisamos ser mais criteriosos nessa questão. A música deve ser serva da
mensagem. Ela é um veículo e não um fim em si mesmo. Há muita música no mercado
evangélico que visa a mexer com as emoções e não proclamar a mensagem salvífica
do evangelho. Precisamos reformar não apenas a teologia, mas também a música,
pois esta deve ser um canal para o ensino da sã teologia. Cantar a Palavra ou
cantar segundo a Palavra é que produz frutos dignos de Deus. Louvor é a Palavra
fluindo na reunião da igreja. É a pregação cantada pelo povo de Deus. Cantar
textos inspirados por Deus é levar a Palavra a multiplicar-se nas vidas. [2]
2. Uma liturgia santa e ordeira. Naquela ocasião
festiva, Neemias pediu aos príncipes de Judá que subissem no muro e os dividiu
em dois grandes coros com procissão. Cada grupo partiu em direções opostas. Os
cantores seguiam à frente, e o povo acompanhava atrás dos líderes. Após
rodearem o muro, encontraram-se novamente no Templo. Ali, finalmente, foi
realizado o grande culto em ação de graças a Deus. Neemias e Esdras tiveram o
cuidado de elaborar uma liturgia santo e ordeira, pois a Palavra de Deus
ensina-nos que o Culto deve ser conduzido reverentemente. Não foi um espetáculo
nem um culto de entretenimento; foi uma reunião de profunda reverência ao
Senhor Jeová. Diferentemente de muitos cultos nos dias de hoje. Como bem diz o
pr. Elinaldo Renovato, “não podemos transformar o culto divino num espetáculo
deprimente”.
3. Os sacrifícios (Ne 12:43). Ao chegarem ao Templo,
ofereceram “grandes sacrifícios” em meio a ruidosas manifestações de júbilo. O
sistema sacrificial da Lei era apenas uma sombra do que Jesus iria realizar no
futuro, através de Sua morte na cruz. Deus Pai enviou Seu Filho Jesus para ser
o sacrifício pelo pecado. Obedecendo à vontade do Pai, Cristo entregou Seu
corpo como uma oferta definitiva, permitindo que o pecado do homem fosse
removido (Hb 10:5-10). Assim, Deus revogou o primeiro sacrifício, que dependia
da morte de animais, para estabelecer o segundo sacrifício, que dependia da
morte de Cristo.
Na Antiga Aliança, centenas de sacerdotes levitas
ofereciam, continuamente, sacrifícios que “nunca jamais podem remover [apagar
completamente] pecados” (Hb 10:11); mas o sacrifício de Cristo removeu os
pecados, de uma vez por todas. Os sacerdotes araônicos ofereciam sacrifícios
pelo pecado, dia após dia; Cristo sacrificou-se uma só vez. Os sacerdotes
araônicos sacrificavam animais; Cristo ofereceu a si mesmo. Os sacrifícios dos
levitas apenas cobriam o pecado; o sacrifício de Cristo removeu o pecado. Os
sacrifícios dos levitas cessaram; o sacrifício de Cristo tem eficácia eterna.
Assim, Cristo está agora assentado “à destra de Deus” (Hb 10:12; cf. Hb 1:3;
8:1; 12:2), o que demonstra que Ele completou Sua obra, obedientemente, e foi
exaltado a uma posição de poder e honra.
Na Nova Aliança, não precisamos mais oferecer
sacrifícios de animais ao Senhor. Todavia, devemos apresentar-nos a Deus como
sacrifício vivo, santo e agradável que é o nosso culto racional (Rm 12:1).
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